Ao adentrar a esse universo desconhecido que é a sala de aula, me senti plenamente realizada. Ali eu tive certeza que eu não sabia ser outra coisa. Nasci para transmitir os meus conhecimentos.
Sabia dos problemas que enfrentaria. E eram muitos.
Desmotivação de alunos e professores, falta de estrutura familiar, falta de equipamentos, sistema que defende apenas a presença do aluno e não o seu rendimento escolar, salas lotadas, entre outros.
Os primeiros 4 anos em sala de aula foram ótimos. Apesar dos pesares.
A utopia de conseguir modificar essa situação ainda existia em mim. Sim, existia.
Analisando friamente a situação percebi que, infelizmente, estou de mãos atadas. E esse maldito sistema me contaminou.
Não. Ainda não desisti da carreira, longe disso. Mas, posso afirmar que os sonhos já não são mais os mesmos. Tive que aprender a dançar conforme a música para não me frustrar ainda mais com essa calamidade que está a educação pública.
Atualmente, a escola não é mais o local em que o aluno busca conhecimento. A instituição escolar é o local onde o aluno pode ter a idade que ele tem, pois não precisa tomar conta do irmão e da casa. A escola é o lugar que o educando possui, nem que seja mínima, atenção. Já que seus pais (quando os têm) saem cedo e voltam tarde. O ambiente escolar também é onde ele se alimenta e encontra os amigos.
Assim como o papel da escola mudou, consequentemente mudaram-se as atribuições da profissão professor.
Para entender o que se passa com seus alunos, o educador precisa analisar o meio em que esse educando está inserido. Necessita saber do seu histórico familiar, já que em 90% dos casos de alunos indisciplinados , há alguma desestrutura na família.
Professor é psicólogo. É pai, mãe, madrasta e padrasto. Professor é assistente social. É juiz, advogado. É aquela tia brava. Professor é a irmã mais velha, que se preocupa. É o amigo confidente. É o diário com cadeado.
Com tantas atribuições, fica humanamente impossível ensinar oração coordenada adversativa.
E como ainda sou humana, estou aqui, refletindo muito sobre a minha profissão e cheguei a conclusão que: a culpa não é minha se ele não quiser aprender o conteúdo curricular. Um dia, se ele precisar, que corra atrás do prejuízo.
A mania de todo professor é achar que todos os alunos devem estudar, se formar, passar em uma universidade e ser um bom profissional. Mas, será que é isso que eles querem?
Ou é a nossa vontade? E se a felicidade do aluno é vender pipoca no farol? A escolha é de quem? Minha? Não. A escolha foi, e sempre será, dele. O meu papel é oportunizar o conhecimento, cabe a ele usufruir da melhor forma possível.
Se um dia eu esbarrar com tal aluno no farol e ele me falar: "Olha, professora, estou trabalhando. Você me inspirou a ser uma pessoa melhor..." saberei que fiz o meu papel da melhor forma possível. Pois, ser professor é isso: plantar uma sementinha e esperar germinar.
=)
Palmas palmas! Minha melhor professora corretora de textos bloguísticos <3
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